TU ÉS O GLORIOSO – 15
Por Auriel de Almeida – Historiador
A Taça Brasil de Futebol foi a primeira competição de clubes organizada pela Confederação Brasileira de Desportos para apontar o campeão do Brasil. E o Botafogo venceu a sua última edição, em 1968, com uma goleada de 4 a 0 sobre o Fortaleza. Coincidentemente foi o terceiro título do Glorioso na temporada conquistado com uma vitória por quatro gols – as outras vítimas foram Vasco (4 a 0 na decisão do Campeonato Carioca) e Flamengo (4 a 1 na decisão da Taça Guanabara).
Na primeira fase o Alvinegro encarou o Metropol, campeão catarinense, que deu trabalho: após levar de 6 a 1 no Maracanã, derrotou o Bota em Criciúma por 1 a 0 e levou a decisão da vaga para o jogo-extra (não havia saldo de gols na competição). Como a partida foi disputada sob intenso clima de hostilidade e insegurança o estádio do Metropol foi vetado para o jogo de desempate, remarcado para Florianópolis, dando início a uma longa briga entre os catarinenses e a CBD. A novela só acabou em abril do ano seguinte, após o empate parcial de 1 a 1 no Estádio General Severiano. O jogo, interrompido por uma forte chuva, foi remarcado, mas o Metropol desistiu da disputa.
Nas semifinais, contra o Cruzeiro, o Botafogo conseguiu uma vitória suada por 1 a 0 no Mineirão, interrompendo uma sequência de 38 partidas sem perder do time mineiro. E na volta, em jogo duro, empate em 1 a 1 que deu a vaga para o Glorioso, que enfrentaria o Fortaleza na decisão.
Os cearenses eram a grande surpresa da competição, tendo vencido o forte Náutico na outra semifinal, mas não causavam grande preocupação aos alvinegros – de início. Logo se mostraram duros rivais, fazendo o Botafogo suar para arrancar um empate em 2 a 2 no primeiro jogo, em Fortaleza. Mas na partida final, disputada no Maracanã, a Estrela Solitária não vacilou.
O JOGO
O placar de 4 a 0, mais fácil do que o esperado, foi até pouco na conquista da Taça Brasil – afinal, o árbitro Guálter Portela Filho ainda deixou de marcar dois pênaltis claros a favor do Glorioso.
A contagem começou aos 12 minutos quando Waltencir, após boa tabelinha com Paulo Cézar, avançou até a linha de fundo e cruzou rasteiro. Nenhum dos zagueiros cearenses conseguiu cortar a bola e a mesma chegou até Roberto, que emendou: 1 a 0 para o Botafogo. O Fortaleza não conseguia sair para o jogo, e o Alvinegro controlava a partida com calma, ditando o ritmo – praticamente um repeteco das outras finais da temporada.
O Botafogo poderia ter ampliado aos 20 minutos, quando o zagueiro Zé Paulo salvou uma bola com a mão, em pênalti ignorado pelo juiz. Ou na sequência, quando Ferretti recebeu cruzamento de Rogério e cabeceou na trave. Mas o principal responsável pelo placar mínimo do primeiro tempo não foi o juiz, ou o poste – foi Mundinho, goleiro do Fortaleza, que salvou sua equipe do verdadeiro bombardeio alvinegro da etapa. O atleta, de longe o melhor cearense em campo, bem que merecia ter ido para casa com um placar menor.
No segundo tempo o Fortaleza voltou exausto, e o Botafogo transformou a vitória em goleada. Aos 10 minutos Paulo Cézar driblou três vezes Zé Carlos, que conseguiu se recuperar e chutar para fora. Na cobrança de escanteio Paulo Cézar cruzou na cabeça de Ferretti, que acertou o ângulo: 2 a 0. Aos 22, Roberto e Afonsinho tabelaram, e o último tocou com categoria na saída do goleiro, no mais belo gol do jogo: 3 a 0 para a Estrela Solitária.
O Alvinegro sofreu mais um pênalti, quando Zé Paulo derrubou Rogério na área após ser driblado, porém o juiz novamente não apitou. Mas o último gol já estava encomendado, e veio da cabeça de Ferretti, o artilheiro da competição. Aos 35 minutos Rogério passou por Luciano e cruzou para Ferreti, que se atirou de cabeça na bola, entrando com ela dentro do gol: 4 a 0 a favor do Botafogo, inapelável, fechando a trinca de taças conquistadas com goleadas na temporada de 1968 e dando ao Alvinegro o seu primeiro título brasileiro – aliás, o primeiro entre todos os clubes do Rio de Janeiro.
Como a competição foi encerrada apenas em 1969, o Botafogo conseguiu a classificação para a Taça Libertadores da América de 1970 graças a um jeitinho da CBD, que querendo compensar o atraso no torneio nacional classificou o seu vencedor automaticamente para as finais do Torneio dos Campeões. O novo campeonato, que substituiu a Taça Brasil em 1969, indicaria dois representantes para o torneio sul-americano, e incluído diretamente na final o Botafogo já era no mínimo o vice-campeão. Porém os clubes brasileiros ficaram mais uma vez de fora da Libertadores – discordavam da fórmula de disputa e consideravam a mesma deficitária. Outros tempos.
Capitão, Afonsinho ergue a taça: Botafogo campeão!
==Ficha técnica==
Sábado, 4 de outubro de 1969
Botafogo 4 x 1 Fortaleza – Local: Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã)
Taça Brasil – 2º jogo da Final
Botafogo: Cao, Moreira, Chiquinho Pastor (Sebastião Leônidas), Moisés e Waltencir; Afonsinho e Carlos Roberto (Nei Conceição); Rogério, Roberto, Ferretti e Paulo Cézar. Técnico: Zagallo.
Fortaleza: Mundinho, William, Zé Paulo, Renato e Luciano Abreu; Joãozinho e Luciano Frota; Lucinho, Garrinchinha, Mimi e Erandir. Técnico: Gílvan Dias.
Árbitro: Guálter Portela Filho (GB).
Gols: Roberto aos 7/1ºT; Ferretti aos 8/2ºT e aos 38/1ºT, Afonsinho aos 20/2ºT.
Público: 34.588
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